Imagem capa - ARACOIABA “Terra onde os        pássaros cantam” por Portal Conexao Italia Brasil
Abelardo Nogueira

ARACOIABA “Terra onde os pássaros cantam”

  





ACRÓSTICO


Ares do porvir

Risos que encantam

Aves que gorjeiam

Cores do amanhã

Obra, suma arte

 Infinda alegria

Aquarela viva

Berço de um povo

Amores sem fim!




SEXTILHA


Sou um filho desta terra,

Um amante deste chão.

Tenho o cheiro da Caatinga,

A quentura do sertão,

Ser sertanejo me orgulha,

Faz feliz meu coração!...







TERRA NATAL

(sonetilho)


Minha rima tem floreio

Tem pássaros minha terra.

Flerta o meu sertão, a serra

Meu vale de encanto é cheio.


O meu verso tem luar

E torrente o parco rio.

O meu sol vive com frio,

Tem poeira o meu nevar.


Meu poema tem cascata

Tem cigarra e, minha mata,

Se, seca ou verde é normal,


Minha poesia explica.

Os contrastes fazem rica

A minha terra natal.






ARACOIABA
(poema)



Aracoiaba,
Minha terra,
Minha gente
Meu sonhar contente
Meu viver feliz!
Pequenina raiz
Flor do meu Sertão,
Tal o coração que em meu peito ponteia,
A saudade e a fé,
Minha alma te quer,
Minha sorte te anseia.
E se tens nome de mulher,
Feminina razão,
Tua graça é paixão
Que em meu ego passeia.

Pois assim altiva, distinta, alheia,
Não serias tu, uma invenção,
Da metáfora
Da comparação,
Da arte de amar,
Ou algo mais...

Mas, mais que algo mais!
De um enfim, que seja,
De qualquer peleja
Que me faça subir
E do alto de minha pequenez
Ousar, talvez...
E te notar,
E te sentir.

Aracoiaba,
Casa de meus pais.
De ruas e quintais
Berço meu,
Terra de vovô.
Lembra-me Salvador
As ruas laterais
Subindo o pelourinho
A cidade baixa
A cidade alta
A faceira mulata
A vista infinda...

Aracoiaba,
Agreste Caatinga,
Tamanco emborcado.
Pedra Aguda,
Qual céu azulado,
Longínquo olhar.

A canoa, o rio.
O sertanejo bravio,
O Pai Marcelino,
Um seu Zé,
Um seu Chico,
Um certo Osvino,
Heróis a lembrar.

Aracoiaba,
Insigne torrão.
Terra do grão Salomão
Quão sabedoria!
 
A poesia de Ana Maria
As lições de Josa e Elvira.
As glosas do “Cumpade” Pindaíra
A cantoria de Antônio Pote e João Filó
A embolada, o forró.
A vaquejada,
A estação
O arraial, o São João.
A seresta do saudoso Maninho
O violão de Valdez
O mercado, o freguês.
O sarrabulho no bar do Joãozinho
O colégio, a praça,
A missa na matriz.

Aracoiaba,
Cidade querida
De quem te quis
E te quer
E te pretende.
De quem partiu sem te deixar
De quem se foi e jamais saiu.

Aracoiaba,
Meu lugar,
Meu forte
Meu vento norte
Terra de amantes
Onde os pássaros cantam
Alegres, rasantes
Enternecendo a vida
De um povo feliz! 



HISTORIOGRAFIA
(em versos)



Remonta-se aos Jesuítas,
O século decorrente,
Era dezoito, portanto,
Visando principalmente
O gosto de Portugal,
A ordem colonial,
O tal modelo vigente.

Canoa, foi o primeiro
Dos nomes a se chamar.
E deveu-se a Marcelino
Que vivia a canoar,
Nas turvas águas do rio
Num constante desafio
Remando pra lá e pra cá.

Genipapos e Quesitos,
Os Chorós e Canindé,
Das altitudes da serra
Descendo pelo sopé,
Palmilhavam no sertão
Povoando a região
Do grande Baturité.

Aracoiaba, entretanto,
O topônimo atual,
Vem do tupi guarani
E quer dizer, por sinal,
“Lugar que as aves gorjeiam”
E os raios do sol clareiam
Num encanto natural.


A sua topografia
Levemente ondulada,
Registram elevações
Das quais, uma, a mais notada
Chama-se, pois, PEDRA AGUDA,
Ao horizonte, desnuda,
É por todos contemplada.

Do alto da imponência,
Num encanto desmedido,
Ao seu olhar, cada um
Tem desejo preferido,
Seu passado legendário
Povoa o imaginário,
Quem conhece é seduzido.

Sob o vislumbre da serra,
Vive a flertar o sertão,
Os feitos que lhe valeram
Esplendorosa afeição.
Dos traços tão eminentes
E das conquistas presentes
Em sua população.

Resquícios dos tempos idos,
Obras do bom proceder.
Do passado que sublima
Mesmo estando a padecer.
Sua altiva conjuntura
Quão orgulhosa perdura
Sem, contudo, envelhecer.
 
Mais de um século, portanto,
Qual distinta trajetória
Urge a todos conhecer
Pra registro de memória,
Pois, sem passado, o presente,
Não tem futuro e a gente,
Não participa da história.




Aracoiaba, município cearense situado à 72 km da capital Fortaleza, na região do Maciço de Baturité. Seu território estende-se pelo sertão e em seu relevo destacam-se dois monólitos, conhecidos, respectivamente como, Pedra aguda e Tamanca, símbolos do município. A palavra Aracoiaba, vem do Tupi Guarani e quer dizer: “Lugar onde as aves gorjeiam”



 Autor : Abelardo Nogueira