Imaginem um grande ser humano

Para o qual Deus olhou com tal cuidado

Que notando o talento refinado

Exultou, certamente, sem engano.

E tão logo criou um belo plano,

A saber, que estivesse à sua altura.

Deu saber, fê-lo mestre, com bravura

E ao então jovem Juvenal Galeno,

Este feito foi nobre enquanto pleno

E marcou toda aquela conjuntura.

Pioneiro em nossa poesia,

Baluarte, qual filho deste chão.

Desde cedo nutriu grande afeição

Pelas letras e o verso, todavia,

A grandeza do povo lhe servia

Como fonte por todo proceder.

Os costumes e o jeito de viver

De tal modo e quão simplicidade,

Foi a base da obra, na verdade,

Desse gênio da arte de escrever. 

Um poeta romântico, porém,

Que traçou com estilo o seu destino.

Ei-lo pai do folclore nordestino,

Tanto apreço às raízes, foi além.

E seguindo os conselhos de um alguém,

Entre outros, da plêiade vigente,

Desvelou o talento eminente

Revelado segundo a exegética,

E, por fim, deu origem a poética

Cearense, qual marco reverente.

Sua obra inspira encantamento,

Quando simples revela a agudeza.

É tocante, mormente em singeleza,

E tamanho é seu pertencimento.

Convenhamos dizer que tal invento

Em razão, pois, da longa trajetória,

Quantas vezes nos saltam à memória

Sentimentos de um ser ultra-humano

E que embora ao passar de cada ano,

Tão presente figura em nossa história.

Pelos tempos jamais foi olvidado,

Inda segue sublime itinerário.

Como ouro repousa ao relicário,

Qual poeta, pra sempre consagrado.

Entretanto, infindo o seu legado

Dia a dia, de fato, pois, perdura.

Numa prova, plausível, viva e pura,

Sua casa cravada à mesma rua,

Eis a porta, que aberta continua

Aos amantes da arte e da cultura.

Juvenal Galeno da Costa e Silva foi um escritor e poeta brasileiro. Nasceu em Fortaleza, em 27 de setembro de 1838 e faleceu em 7 de março de 1931. Era primo pelo lado paterno de Capistrano de Abreu e Clóvis Beviláqua e pelo lado materno de Rodolfo Teófilo. É considerado o fundador do primeiro jornal puramente literário no Ceará. Escreveu numerosas poesias assim como a obra crítica Lendas e Canções Populares. Seu livro Prelúdios Poéticos de 1856 é considerado como “marco inicial do Romantismo no Ceará”
A Casa de Juvenal Galeno é uma instituição cultural do Governo do Ceará mantida pela Secretaria da Cultura do Ceará. A casa foi inicialmente a residência do poeta Juvenal Galeno e foi fundada por ele como instituição em 27 de setembro de 1919. Equipamento da Secretaria da Cultura do Estado, é hoje um dos mais antigos centros culturais cearenses em atividade, congregando mais de 20 entidades em sua sede, e fortalecendo a arte nas mais diversas linguagens. Berço e residência do poeta cearense reconhecido em todo o País, a Casa de Juvenal teve seu tombamento definitivo como patrimônio em nível estadual em 2016, pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará (Coepa).

Por : Abelardo Nogueira