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O SANTO CORDEL *Massilon Silva

 

O SANTO CORDEL *Massilon Silva

  

          O Brasil comemorou ontem (12 de outubro) o Dia da Criança, com a tradicional distribuição de presentes, congratulações aos milhões de pequeninos pelo seu dia, afagos dos pais nem sempre presentes no capítulo educação e assistência, sem falar na alegria que se manifestou nos corações dos pobres fabricantes de brinquedos, donos de lojas, de shopping center e até mesmo palhaços que ganham alguns trocados para dar um pouco de alegria aos filhos de quem pode pagar mais este mimo.

 As comemorações, no entanto, não pararam por aí, pois o país predominantemente católico repetiu mais uma vez as homenagens à sua padroeira Nossa Senhora Aparecida. Trata-se de uma data marcante no calendário católico romano, que anualmente faz reunir na Basílica de Aparecida, localizada na cidade de mesmo nome em São Paulo, um número de romeiros, hoje chamados peregrinos, para prestar homenagem à sua santa maior, pedir proteção, pagar promessas ou simplesmente fazer turismo.

 As duas efemérides de que tratei linhas acima não receberam este ano o costumeiro tratamento e a divulgação de praxe da parte dos meios de comunicação, pois os olhos desses importantes veículos estiveram e estão em quase sua totalidade voltados para a grande festa em curso neste momento em Roma e em todo o Brasil, com a canonização pelo Papa Francisco de Irmã Dulce, a primeira santa nascida neste país continente, e que de agora em diante será Santa Dulce dos Pobres. Penso que quase ninguém é contra a homenagem ao Anjo Bom da Bahia que neste domingo levará cerca de quinze mil baianos a Roma e sobre quem o publicitário Nizan Guanaes, brasileiro e baiano como ela afirmou ser "a primeira CEO brasileira a ser canonizada". Nizan, como bom brasileiro, ainda desafiou "a Harvard Busines School a escrever o estudo de caso da Irmã Dulce, a primeira CEO brasileira a ser canonizada pelo Vaticano".

  A um evento tão importante o cordel não poderia faltar. Neste exato momento vejo nas redes sociais um vídeo mostrando um trabalho do talentoso cordelista Thiago Barbosa celebrando em versos a data, com reprodução neste fim de semana no Memorial da Irmã Dulce, em Salvador. Thiago é integrante da equipe de esportes da TV Sergipe e membro da Academia Sergipana de Cordel. Também no dia de ontem às 17h30m horas apresentamos ao público nosso mais novo livro de cordel em coautoria com Ancelmo Rocha SANTA DULCE DOS POBRES - O CAMINHO, com 32 páginas, 87 estrofes e várias ilustrações. A obra será levada a público mais uma vez no próximo dia 20, em Salvador, durante o evento em homenagem à santa brasileira que terá lugar na Arena Fonte Nova. O evento de ontem foi promovido pela Associação Sergipana de Peregrinos e Associação Sergipana de Caminhos.


Na oportunidade foi inaugurado o totem representativo do MARCO ZERO do Caminho de Santa Dulce dos Pobres, cujo início se localiza na Maternidade São José, em Itabaiana/SE, local onde ocorreu o primeiro milagre da ainda irmã Dulce e que abriu caminho para o reconhecimento de sua canonização.
 Sobre o Caminho de Santa Dulce cabe aqui um breve histórico.
   " No dia 2 de julho de 2019 foi criado o CAMINHO DE SANTA DULCE DOS POBRES para homenagear a primeira (e única) Santa nascida no Brasil, Santa Dulce dos Pobres.
 O Caminho tem um percurso de 385 km, e anda-se, na maior parte do trajeto, pela praia. O Marco Zero da caminhada é a Maternidade São José na cidade de Itabaiana em Sergipe, local onde ocorreu o primeiro Milagre atribuído a Irmã Dulce. Do Marco Zero segue-se, sempre caminhando, até o Km 9, local onde será erguido um Santuário dedicado a Santa Dulce dos Pobres, situado no Eco Park Serra de Itabaiana, no povoado Serra. Anda-se mais cerca de 3 Km e chega-se ao Parque dos Falcões.
  Do Parque dos Falcões ruma-se no sentido Aracaju para passar no bairro Aruanda e visitar a grandiosa igreja dedicada a nossa Santa brasileira; da igreja de Santa Dulce continua-se caminhando, mirando-se a cidade de São Cristóvão, onde a baiana Maria Rita deu lugat à 'Figura de Irmã Dulce'.
  São Cristóvão, quarta cidade mais antiga do país e a primeira capital de Sergipe, merece uma visita especial, não deixar de visitar a Praça São Francisco (Patrimônio Histórico da Humanidade), Cristo Redentor, a Igreja Jesuíta na Praça da Bandeira Igreja do Rosário dos Homens Pretos, Santa Casa de Misericórdia e Igreja Santa Izabel, Palácio Imperial, Convento São Francisco e Conjunto do Carmo onde se pode visitar o Memorial Irmã Dulce.
  Deixando-se São Cristóvão segue-se para Salvador, muito chão pela frente, mas também muita Fé! A meta é o Santuário de Santa Dulce dos Pobres, situado no Largo de Roma, em Salvador/BA. Depois de visitar e orar, no Santuário, anda-se mais um pouco e sobe-se a Colina Sagrada, onde também, faz-se um agradecimento ao Senhor do Bonfim " (Extraído da obra Santa Dulce dos Pobres - O Caminho, de Ancelmo Rocha e Massilon Silva, Gráfica e Editora J. Andrade, Aracaju, 2019).
           Uma nova obra em cordel dos mesmos autores já está a caminho e trata sobre o caso de uma senhora que após sofrer um acidente doméstico ficou tetraplégica. A recuperação veio depois que peregrinos pediram em oração a Santa Dulce por seu restabelecimento. O lançamento está previsto para os próximos dias.
 Mais cordel.
 Dois registros que não poderíamos deixar de fazer. O primeiro é sobre o sucesso obtido pelo cordel na Feira Literária de Guaxupé, cidade mineira que promoveu o evento durante a semana que passou. O destaque é para a arte cordeliana ali representada pelo alagoano João Gomes de Sá, que ao lado do já consagrado Bráulio Bessa, participou da abertura da festa. Por fim registramos o lançamento do livro Trajetória de um Cordelista do também alagoano (e conterrâneo) Tony Pessoa. Os dois são membros da Academia Alagoana de Literatura de Cordel.

*Massilon Silva é escritor e poeta, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.