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O CORDEL NÃO PARA *Massilon Silva

  O CORDEL NÃO PARA
*Massilon Silva 


 Nos últimos dias temos falado por repetidas vezes do Novo Cordel como sendo uma iniciativa louvável dos cordelistas e editores do gênero, no sentido de dar cara nova e conteúdo atualizado aos trabalhos publicados Brasil em fora. Seguindo neste diapasão, na crônica passada tecemos elogioso comentário à iniciativa da Rede Estadual de Leitura Inclusiva, que em seu IV Encontro realizado em Aracaju promoveu o lançamento do cordel A Rede de Leitura Inclusiva em Sergipe, com especial destaque para uma versão da obra em braille. Na oportunidade dissemos que aquele foi o primeiro do gênero produzido em Sergipe e talvez no Brasil. Já na semana ontem expirada tivemos uma boa surpresa ao nos deparar com um convite firmado pelo grupo Cordel de Saia em conjunto com a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, para o lançamento da obra CORDELISANDO (SIC) A INCLUSÃO, evento que ocorreu em 21 de dezembro de 2016. O livro, todo escrito em braille, tem como autores Maria Rosário Pinto, Dalinha Catunda e Gonçalo Ferreira da Silva, todos membros da ABLC. A literatura de cordel desenvolvida pelo método codificado, criação do pedagogo francês Louis Braille (1809-1852) para cegos, é fruto de um projeto realizado pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia/IFRJ, Instituto Benjamim Constant e Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Nossos aplausos para as duas iniciativas, e se outras existirem noticiaremos com igual prazer.
           Hoje queremos fazer um importante registro que, em nossa opinião, empresta ânimo ao cordel como literatura prestigiada nos meios acadêmicos e, por extensão, aos seus dedicados artífices. Sexta-feira, dia 27/09, um evento realizado em João Pessoa, no Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), foi feita a entrega da Comenda GCIMP a várias personalidades do meio cultural paraibano.

O GCIMP - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Cultura, Informação, Memória e Patrimônio promoveu o encontro e a entrega de comendas, que teve como umas das entidades agraciadas a Academia de Cordel do Vale do Paraíba na pessoa de seu laborioso presidente o cordelista Marconi Araújo. Vale destacar neste momento o brilhante trabalho da ACVP visando divulgar a literatura de cordel em todos os cantos, em eventos os mais diversos. É, certamente, uma das instituições da área que mais atende aos anseios de seus membros.
            Na mesma oportunidade foi agraciado com a comenda GCIMP outra figura de destaque na arte cordeliana, o xilogravurista Marcelo Soares, também da terra de João Pessoa e Ariano Suassuna, pelo belíssimo trabalho que vem desenvolvendo.
          Tem mais. No último dia 21 o poeta pernambucano Silvano Lyra recebeu na cidade de Olinda/PE, o título honorífico de Embaixador Nacional Imortal da Literatura de Cordel, outorgado pela instituição Grupo de Resgate em Atendimento Pré-hospitalar (GRAPH). E pensam que é só? Também na semana findada a cidade de Boquim, em Sergipe, foi palco do espetáculo teatral denominado Balaio de Cantos, Contos e Encantos apresentado pela Cia de Arte ALESE. Trata-se de um projeto da Assembleia Legislativa de Sergipe que tem por finalidade educar através da arte, como eles mesmo definem. E agora vem a melhor parte: o espetáculo é todo trabalhado em cordel.
          Para encerrar este artigo, quero deixar registrada minha admiração pelo trabalho da cordelista alagoana Luciene Albuquerque, uma presença que muito dignifica a Academia Alagoana de Literatura de Cordel - AALC. Terei imensa satisfação em conhecê-la em novembro, por ocasião da Bienal do Livro de Alagoas, em Maceió. É por causa de Marconi, Luciene, Ciro, Silvano, Jorge Calheiros e outros abnegados que O CORDEL NÃO PARA.

Por : *Massilon Silva

*Escritor e poeta, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.