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SOMOS TODOS CORDEL
Um fato amplamente divulgado em todos os meios de comunicação foi a elevação do gênero literário cordel à condição de Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. O fato ocorreu em setembro de 2018, quando a literatura de cordel foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão daquele conceituado órgão, e desde então tem desfilado pelas mais badaladas passarelas da cultura nacional ostentando o honroso e merecido título. Por inúmeras vezes temos conclamado aqui, nesta coluna, as academias, os poderes públicos, os cordelistas, editores, distribuidores e todos aqueles envolvidos direta ou indiretamente com o cordel, à divulgação, incentivo à produção, à venda, à melhoria na qualidade das obras, atualização de seus conteúdos, promoção de oficinas, cursos, concursos, formação de cordeltecas, enfim, a uma infinidade de atos que promovam mais e mais esta forma de expressão que, para nosso orgulho, é genuinamente brasileira. É verdade que o ressurgimento e o sucesso repentino do Cordel nos últimos três ou quatro anos pegou todos nós "de calças curtas", e as atitudes que temos cobrado incessantemente têm acontecido com razoável regularidade, graças ao empenho das pessoas físicas e jurídicas acima referidas, porém, repito, o sucesso instantâneo tem caminhado à frente dos eventos, reclamando um envolvimento maior dos envolvidos na cadeia produtiva. Hoje queremos parabenizar o IPHAN, pelo destaque que lhe é devido com a promoção de eventos importantes no que tange à divulgação e valorização da Literatura de Cordel, que se constituem em realizações de importância vital para essa manifestação artística tão admirada pelos brasileiros, agora não apenas os nordestinos, mas de todos os recantos do país. O primeiro trata-se da ação cultural denominada Alagoas em Versos de Cordel, em que os escritores são chamados a concorrer com trabalhos que versem sobre monumentos e manifestações culturais do Estado. A promoção é da superintendência regional do IPHAN em Alagoas, e os vencedores receberão valiosas honrarias, sendo que ao primeiro colocado caberá um box da edição 2019 da Revista do Patrimônio. Na esteira dos acontecimentos segue-se o I Encontro de Literatura de Cordel do DF, promovido pelo IPHAN naquela unidade federativa. O objetivo do encontro é, segundo seus organizadores, "conhecer o universo de praticantes desse Bem Cultural no DF e Entorno e, em conjunto, pensar em ações futuras para a preservação e o fomento da Literatura de Cordel". O evento, imperdível, terá lugar às 14 horas do dia 26 de novembro próximo, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Brasília, DF. E se você pensa que é tudo, pensa porque não viu ainda a relação de atividades a serem levadas a efeito pela Academia Alagoana de Literatura de Cordel durante a IX Bienal do Livro de Alagoas que vai de 1° a 10 de novembro entrante. Naquele período vários membros da AALC farão lançamentos de obras, a saber os até agora confirmados, que são: 1. O Escravo e a Sinhá do cordelista e teatrólogo alagoano Silvano Gabriel, dia 4, 16 horas; 2. Doutora Quitéria: Heroína do Sertão, de José Reginaldo Medeiros, sertanejo de Água Branca /AL, dia 08; 3. Amácio Mazzaropi, Homenagem Póstuma, será lançado pelo cordelista Manoel Antônio dos Santos; e, O Encontro de Lampião com Hitler no Inferno, de Alfonso Dacal, o mais novo imortal do cordel e também membro da Academia Maceioense de Letras. *Escritor e poeta, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
E não para por aí. A Academia Alagoana de Literatura de Cordel anuncia outro importante acontecimento. Durante a Bienal dará posse a seus novos imortais. São eles: Manoel Antonio dos Santos, Alfonso Dacal, Luciene Albuquerque, José Reginaldo Medeiros e Diógenes Pereira. Durante a solenidade faremos uma transmissão ao vivo para o programa Nação Nordeste da Rádio Metropolitana 1090 AM, do Rio de Janeiro, comandado pelo também cordelista Marcus Lucenna. Aliás, Lucenna, que é ainda cantor e compositor, divulgador incansável das coisas do seu nordeste, esteve ontem em Campina Grande, Paraíba, onde participou ativamente do Fórum Nacional do Forró de Raiz e Fórum Nacional da Rota do Forró pela manhã, na Vila do Artesão, e, à noite fez o lançamento do seu novo livro Marcus Lucenna na Corte do Rei Luiz, considerado pela crítica especializada como o que já se publicou de mais completo sobre a vida e a obra do eterno Rei do Baião. O movimentado lançamento aconteceu nas dependências do Museu de Arte Popular, também na próspera cidade de Campina Grande.
O evento de ontem na Vila do Artesão faz parte de um esforço nacional para que o IPHAN promova o reconhecimento do Forró como Patrimônio Cultural e Imaterial Brasileiro.
Marcus Lucenna é cordelista há muitos anos; membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, e já dirigiu o Centro de Tradições Nordestinas, espaço mais conhecido como Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
Finalmente queremos registrar mais um acontecimento cordeliano, este em terras de Sergipe. Durante a realização do XVII Congresso Estadual de Professores, organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Sergipe (Síntese) que aconteceu entre os dias 24 e 26 do mês findante o professor e cordelista Gilmar Ferreira apresentou ao grande público sua mais nova obra em cordel intitulada Paulo Freire - Pedagogia do Exemplo, sobre a vida e obra do educador brasileiro idealizador da pedagogia crítica. Gilmar é nosso confrade na Academia Sergipana de Cordel, na Academia Brasileira de Literatura de Cordel e um dos maiores entusiastas do cordel em Sergipe e no Brasil.
E, como se diz no mais lapidar redigir juridiquês, "por tudo mais que dos autos consta", SOMOS TODOS CORDEL.