Cultura

SE NAO FOSSE JESUS A LUZ DA VIDA, O QUE SERIA DA ALMA PECADORA.

 

Eis o homem, o mais sublime ser

Entre todos que habitam este mundo.

Dotado de razão, o bem profundo,

Um templo de virtude e de saber.

E embora sendo livre pra escolher

Nem sempre segue a estrada detentora.

Tropeça na fraqueza impostora

E cai sob a batalha já perdida,

Se não fosse jesus, a luz da vida,

O que seria da alma pecadora.



Quanto mais se propõe a conquistar

Inda mais haverá de ser cobrado.

Pois quando evoluir será lembrado,

Porém se apenas pouco tem a dar,

Será sempre esquecido e sem cessar,

E assim, pois que, pretensa e promissora,

Se a sorte não se fez merecedora,

Incerta é sua glória pretendida

Se não fosse jesus, a luz da vida.

O que seria da alma pecadora. 






Tão restrito caminha na vaidade
Buscando na matéria a plenitude,
Deixando no vazio da virtude,
Perdendo-se na própria identidade.
E por não conhecer bem a verdade
Encontra-se na calma sonhadora,
Achando que chegou quando nem fora,
Pensando que saiu sem dá partida,
Se não fosse jesus a luz da vida
O que seria da alma pecadora.


Qual vivente da luta costumeira,
Ora, certo ou desatinadamente.
Pondera absoluto e tão contente,
Conspira até na hora derradeira.
Deleita-se na ânsia alvissareira,
Condena-se na ira precursora,
E livra-se na corte defensora
E aceita a sua sina tal contida,
Se não fosse jesus, a luz da vida.
O que seria da alma pecadora.


Este ser que é profano e tão sagrado,
Cujo Deus tudo fez e lhe entregou,
Sem jamais censurar o confiou
Outorgando o que a outro não foi dado.
Também chora pelo erro praticado
E vê-se então, na luz encantadora,
Suplicando uma palavra salvadora
Tão cônscio da atitude preferida,
Se não fosse jesus, a luz da vida.
O que seria da alma pecadora.




Perdurando por tempos, segue a diante,
Exaustiva peleja sobrevém.
Da mais singela dúvida que tem,
A certeza do fim o é constante.
E na busca por algo equilibrante
A pobreza é tão presente e opressora
Distinta faz-se altiva e delatora
Devastando a vontade contraída,
Se não fosse jesus, a luz da vida.
O que seria da alma pecadora.


Por sombrias paragens se aventura
Em desertos de encantos tão vazios.
Sem temer o limite e os desafios
Desdenha até a própria criatura.
Sujeita-se à ilusão, a mais impura
Na busca da magia encantadora
Esquece a mão amiga, acolhedora
E no gozo acredita ter guarida,
Se não fosse jesus, a luz da vida.
O que seria da alma pecadora.


E corre contra o tempo pra ter tempo,
E finge não cansar enquanto ofega.
E cansa de ofegar e não se entrega,
E para por não ter o seu intento.
E luta pra erguer-se e ao desalento,
E vence a cada ação desbravadora.
E alegra-se na paz contentadora
E chora na vitória conseguida,
Se não fosse jesus, a luz da vida.
O que seria da alma pecadora.




Por qual estrada urge caminhar,
Infinda vastidão que lhe norteia
Deixando sobre as pedras, e na areia,
Tão indeléveis rastros ao passar.
Porém se o vento forte vem soprar,
Apagando sua marca provadora,
A peleja se faz consoladora
E, embora mesmo triste é concebida,
Se não fosse jesus, a luz da vida.
O que seria da alma pecadora.


Movido pela fé que o leva a crer
Na força de um astral superior.
Esforça-se pra praticar o amor
E acaba confundido por fazer.
Errando muitas vezes sem querer
Implora a conversão acolhedora.
Refaz-se na bondade genitora
E logra da virtude recebida,
Se não fosse jesus, a luz da vida.
O que seria da alma pecadora.


Cansado pelo peso da valia,
Da austera pretensão de querer mais.
Da dura realidade que jamais
Repousa na preguiça do seu dia.
Entrega-se à labuta em demasia
E se, consegue a graça provedora.
Às vezes tem na gula traidora
Grande fome de amor, não de comida,
Se não fosse jesus, a luz da vida.
O que seria da alma pecadora.
 


Enfim, como um mistério a desvendar,
Qual homem tal pequeno ou colossal,
Embora seja nobre, é um mortal,
Mesmo simples, também pode ensinar.
E assim, no afã de se perpetuar,
Enfrenta até a força tentadora.
De todas, sua espécie é vencedora
E agradece a benção lhe deferida,
Se não fosse jesus a luz da vida.
O que seria da alma pecadora.


Autor : Abelardo Noqueira