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Com o Norte o Nordeste se mistura Nas palavras do homem do sertão.

 

Com o Norte o Nordeste se mistura Nas palavras do homem do sertão.


 



Sou nortista

 

Sou um caboclo do norte

Ribeirinho, manauara

Baré de alma e de cara

Guerreiro de punho forte.

Da floresta tiro a sorte

E do rio a serventia

Sou bumbá com simpatia

Não nego minha raiz

Sou um nortista feliz

Com muita categoria. 


Sou nordestino


Nordestino de primeira,

minha arte tem valor.

Sou poeta com amor

carrego a nossa bandeira.

Meu verso não tem fronteira

mas, cabe em qualquer medida,

nessa alegria comprida

com o fio da cultura

vou compondo a tessitura

em cada peça da vida.


O Norte e o Nordeste em paralelo


Comparando as duas regiões,
Sem usar, pois, jamais de preconceitos.
Os costumes, dizeres e conceitos,
Praticados em suas dimensões.
Quem pondera conhece tais razões,
Cada um sem fugir faz alusão.
Pois, somente os incautos dizem não,
Às raízes que tem sua cultura,
Com o Norte o Nordeste se mistura
Nas palavras do homem do sertão.



“Tu é leso”, no Norte quer dizer,
“Tu é doido, abestado”, no Nordeste.
O caboco um grão cabra da peste,
A canoa, é jegue, pode crer.
Canoeiro, um vaqueiro a percorrer,
Já o rio corrente é estradão.
Igapó, Caatinga no verão,
Tucumã, é a doce rapadura,
Com o Norte o Nordeste se mistura
Nas palavras do homem do sertão.



Jaraqui, no Nordeste é panelada,
Uma sede é sala de reboco.
Capinar é limpar, arrancar toco,
Cunhantã, meninota e assanhada.
Tartaruga cozida é buchada,
Uma broca é carne com pirão.
Uma roça é uma plantação,
O terçado, um facão que corta e fura,
Com o Norte o Nordeste se mistura
Nas palavras do homem do sertão.



Açaí é garapa bem docinha,
E o barco motor, Pau de arara.
Regatão ao galego se compara,
Tacacá é café com a farinha.
Guaraná, cajuína geladinha,
X-caboco, moleque de feijão.
Mano velho, o mesmo que irmão,
Gente feia, pois, chamam de mucura
Com o Norte o Nordeste se mistura
Nas palavras do homem do sertão.



Tem no Norte a tal carapanã,
No Nordeste se chama muriçoca.
O beiju, uma cuia de paçoca,
Bode assado por lá é matrinxã.
O chibé, pois se toma de manhã,
Igualmente também comemos pão,
Ou cuscuz, com o resto de baião,
Mata a fome e se acha com fartura.
Com o Norte o Nordeste se mistura
Nas palavras do homem do sertão.



Arigó, lá no Norte não convence,
Por aqui é matuto de valor.
Batelão mais parece com trator,
Ponta Negra, a costa cearense.
Cobra grande, mãe d’água é suspense,
No Nordeste, é marmota, assombração.
Caldeirada de peixe com pirão,
É um caldo e se faz na noite escura,
Com o Norte o Nordeste se mistura
Nas palavras do homem do sertão.



Boi bumbá, no Nordeste é reisado,
Riomar, igualmente é mar sem rio.
Dois pedaços que temos no Brasil,
Arriégua! De modo comparado.
Guitarrada à sanfona no solado,
O Teixeira e o Mestre Gonzagão.
O Forró e o som do Beiradão,
Tudo, enfim, representa a cultura,
Com o Norte o Nordeste se mistura
Nas palavras do homem do sertão.





Autor: Abelardo Nogueira